quarta-feira, 10 de junho de 2009

Adeus à um amigo

Nunca fui uma pessoa muito popular, nunca vivi rodeado de amigos, a maioria foi ficando pelo caminho. Alguns fui perdendo contato aos poucos, alguns reencontrei via Orkut, muito raros os que me acompanham desde a infância. Conseqüência de puro relaxamento meu, já que não costumo procurá-los o tempo todo. Sempre achei que me bastava saber que eles estavam lá, bem, em algum lugar. Que se eu quisesse (ou eles quisessem), era só pegar o telefone e ligar, marcar alguma coisa e pronto, a gente se via, botava o assunto em dia, coisa e tal. Hoje percebi o tamanho do meu erro. A gente nunca sabe o dia de amanhã. A gente não sabe nem o dia de hoje. Tratamos certos assuntos como se nunca fossem acontecer conosco. Ou com alguém que conhecemos. A verdade é que nossa permanência aqui é temporária, e é difícil não se esquecer disso. E é difícil não esquecer, porque é difícil aceitar que temos que nos separar definitivamente de alguém de quem gostamos. É diferente de viver longe de uma pessoa, mas saber que ela esta bem e em um lugar que você pode visitá-la quando quiser. E devido a essa frustração dos que ficam, tratamos a morte como um castigo – equivocadamente - quando pensamos, “putz, com tanta gente ruim nesse mundo, morre alguém que nunca fez mal a ninguém”. E aqui cabe um esclarecimento de alguém que entende disso muito mais do que eu: “A morte não é um castigo, é uma passagem, uma libertação. Os que ficam, esses sim ainda tem assuntos pendentes a resolver e, enquanto isso, ficam presos a esse corpo material. Os que fazem a passagem, na verdade se libertam dos sofrimentos e limitações físicas que permanecem apenas aqui”. Bom, é mais fácil escrever sobre isso do que aceitar. O fato é que hoje eu perdi um amigo. Inesperadamente. Alguém que eu achei que me bastava saber que estava bem, em algum lugar, e que eu poderia procurá-lo quando quisesse. Não procurei, nem ao menos uma ligação pra dizer que lebrei dele. Perdi a oportunidade de saber se ele realmente estava bem, de assistir ao jogo do Grêmio juntos comendo pipoca, de tomar chimarrão falando bobagem. Coisas tão simples, que ficaram definitivamente pra trás. Com certeza agora ele está bem melhor do que eu, do que nós, e bem melhor do que ele próprio estava antes. Enquanto isso, eu, juntamente com os que permanecem aqui, ficamos com as boas recordações, um coração apertado pela saudade, e a esperança de um dia nos reencontrarmos todos novamente, em algum lugar, numa grande festa.

Fica em paz tio Deco.

"Aqueles que passam por nós não vão sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós".
Antoine de Saint-Exupery

2 comentários:

  1. Obrigada Léo, com certeza em algum lugar ele sabe disso!!
    OBS.: Vcs só teriam q assitir a um grenal neh, afinal ele é colorado!!ehehehe...

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